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Projeto dá oportunidade de trabalho a 60 mulheres da penitenciária feminina


Luiza, 23 anos, vê em um canteiro que futuramente estará coberto de flores, a chance de um futuro mais promissor longe das grades e dos dissabores que viveu desde que foi presa. O corpo franzino não esconde a vontade de mudar, de ter uma vida com mais alegrias do que tristezas. Para ela, trabalhar no projeto RefloreSer é poder mostrar à família que está longe a oportunidade de vê-la de outra maneira. “Quero outra vida para mim, quero fazer melhor e vou conseguir”, disse a reeducanda, que junto a outras 59 mulheres custodiadas na penitenciária feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, trabalhará no projeto de cultivo e comercialização de flores tropicais, dentro da unidade prisional, inaugurado nesta quarta-feira (29.05).

O RefloreSer é uma iniciativa de diversos parceiros do Sistema de Justiça, entre eles o Governo do Estado, Poder Judiciário, OAB-MT, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública e Universidade Federal de Mato Grosso, Fundação Nova Chance, Associação Cultural Cena Onze e Conselho de Comunidade da Vara de Execução Penal de Cuiabá.

F.R.S, 21 anos, na penitenciária há pouco mais de três anos, entende que as flores não vão só embelezar a penitenciária, mas também vão fazer reflorescer a esperança nela e nas colegas que farão o curso. “Estamos muito felizes com o projeto. Em nós já brota uma esperança de que somos capazes de mudar e de sermos bem vistas pela sociedade”.

“É uma oportunidade de mudança que a união de vários parceiros está trazendo para a penitenciária feminina, dando oportunidade para que elas possam enxergar um novo rumo em suas vidas, auxiliando no resgate pessoal de cada um”, reforça o secretário adjunto de Administração Penitenciária, Emanoel Flores.

O projeto recebeu R$ 120 mil reais, sendo R$ 100 mil provenientes de multas pecuniárias destinadas pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, e outros 20 mil da OAB.

Presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Carlos Alberto Cunha, destaca a importância do trabalho no processo de ressocialização. “Toda condição de trabalho contribui para melhorar a convivência diária e ensinar algo a quem está no ambiente prisional”.
Plantio e cultivo

Os canteiros ocupam uma área de 800 metros na unidade prisional e serão cultivadas flores nos canteiros e em vasos, além de mudas. O projeto técnico e a capacitação serão ofertados pelo Departamento de Agronomia da UFMT, passos que começam a partir de agora.

O professor Rafael Campagnol, especialista em cultivo protegido e responsável pela parte técnica do projeto, explica que os espécimes cultivados são aqueles que se adaptam e são resistentes ao clima local, como helicônia, bastão do imperador, antúrio, que levam de oito a nove meses para produzir. “Vamos trabalhar também com as plantas de vasos como mini girassol, amor perfeito, petúnia e margaridas”.

A diretora da penitenciária, Maria Giselma Ferreira explica que a renda obtida na comercialização será dividida em duas partes: metade para pagar o trabalho das reeducandas e a outra destinada à manutenção da atividade, como compra de sementes e adubos.

Para a presidente do Conselho de Comunidade da Vara de Execução Penal de Cuiabá (Concep), Silvia Tomáz, o projeto contribui no resgate da dignidade de pessoas presas.
Participaram da inauguração do projeto servidores da penitenciária, os juízes Geraldo Fidélis Neto, Bruno Marques e Jorge Tadeu Rodrigues; promotora Josane Fátima Guariente; coordenador do Grupo de Monitoramento do Sistema Penitenciário do TJ-MT, desembargador Orlando Perri presidente da Fundação Nova Chance, Dinalva Oriede; presidente do Concep, Silvia Tomaz; secretário-geral da OAB-MT, Flávio Ferreira.

Fonte: http://www.sesp.mt.gov.br/-/projeto-da-oportunidade-de-trabalho-a-60-mulheres-da-penitenciaria-feminina?inheritRedirect=true
Autor: Raquel Teixeira | Sesp-MT

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